Os nossos hermanos argentinos







Por Fernando Augusto Bento

No dia 12 de junho de 2002, nossos vizinhos argentinos se despediram da Copa do Mundo, realizada na Coréia e no Japão, depois de uma brilhante campanha nas eliminatórias. Sua seleção não consegue vencer a Suécia e o tão sonhado tricampeonato fica para a próxima vez.
Jogadores e comissão técnica choram diante da perda, pois tinham a esperança de proporcionar aos argentinos um pouco de alegria em meio ao sofrimento e às privações econômicas que levaram o país ao descrédito junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e provocaram aumento da pobreza entre 50% da população.
Mas a intenção deste artigo não é falar a respeito da derrota dos argentinos na Copa. Antes, é abordar sobre a questão cultural e religiosa desse país depois de tamanho colapso econômico. Diante disso, como será que anda a fé dos argentinos?


Origem do nome Argentina
Deriva-se do latim Argentum, cuja tradução significa prata. Esse nome foi fixado pelos colonizadores espanhóis, liderados por Juan Días de Solís, por conta dos objetos de prata que ganhavam dos nativos, os índios que habitavam a região. Os presentes eram extraídos do Rio da Prata. Então, a Espanha ficou sabendo, por meio dos conquistadores, da existência da lendária Serra da Prata, montanha rica em metal valioso.
A Argentina é o segundo maior país da América do Sul - cerca de 3,8 milhões de quilômetros quadrados, sendo que 2,8 estão na Antártida. Com uma população de cerca de 37,5 milhões de ha­bitantes, sua capital fica no Distrito Federal de Buenos Aires. Seu sistema de governo é formado por uma República presidencialista dividida em 23 províncias subdivididas em municipalidades. O poder legislativo é bicameral – Senado, com 72 membros; Câmara dos Deputados, com 257 membros. Ambos eleitos para mandatos de 6 e 4 anos, respectivamente. A Constituição em vigor é de 1994.
A independência da Argentina ocorreu em 1816, proclamada em Tucumán. Tudo aconteceu depois que os argentinos derrotaram os ingleses em suas duas tentativas de ocupar a capital entre 1806 e 1807, feito que inspirou a revolução que o vice-rei espanhol (1810).

Período Peronismo
Desde a independência, a Argentina passou por vários momentos políticos difíceis, com golpes militares e guerras.
Dando um salto na história, chegamos a 1943, quando um novo golpe militar abre espaço para a ascensão do coronel Juan Domingo Perón, na época secretário do Trabalho, que se fortalece favorecendo a sindicalização e promovendo reformas trabalhistas. Sua influência entre os trabalhadores faz que os militares o afastem da secretaria em 1945, mas manifestações populares forçam o Exército a chamá-lo de volta.
Eleito presidente em 1946, Perón casa-se com Eva Duarte (Evita), figura central da propaganda de seu governo populista. O Partido Peronista é fundado em 1948 e Perón, reeleito em 1951. A morte de Evita, em 1952, enfraquece o governo, que entra em atrito com vários setores da sociedade, entre eles a Igreja Católica. Deposto em 1955 por um golpe militar, Perón exila-se na Espanha, enquanto o governo provisório, chefiado pelo general Pedro Aramburú, desencadeia forte repressão aos peronistas. Mesmo na ilegalidade, o peronismo ajuda Arturo Frondizi, da ala esquerda da União Cívica Radical (UCR), a se eleger presidente em 1958. Quatro anos depois, Frondizi é deposto pelos militares. Arturo Illia (UCR), eleito em 1963, cai em 1966 em um golpe liderado pelo general Juan Carlos Onganía.
Mas violentas manifestações populares e o surgimento de grupos de guerrilheiros levam os militares a afastar Onganía em 1970. Seu sucessor, Roberto Levingston, é substituído em 1971 pelo general Alejandro Lanusse, que inicia negociações para a volta de Perón. O peronista Héctor Cámpora, eleito para presidente em maio, renuncia dois meses depois para permitir a candidatura de Perón. O Partido Justicialista (peronista) elege Perón em setembro e a seguir divide-se em meio à crise entre montoneros (esquerda) e anticomunistas. Perón morre em 1974. Isabelita, sua mulher e vice-presidente, assume o governo e favorece setores direitistas, enquanto atos terroristas se espalharam pelo país.
Um golpe militar depôs Isabelita em 1976. A partir daí, surgiu a “guerra suja”. O país é aprisionado por um regime militar, o congresso é deposto e a indústria desvalorizada. Até 1982, a Argentina sofreu com os governos militares. Esse período terminou com a redemocratização nas eleições de 1983, com a escolha pelo voto direto de Raul Alfonsín. Durante a década de 80, o governo enfrentou várias manifestações populares e intelectuais. A hiperinflação provocou saques e quebra-quebras. Uma nova fase na política e na economia surgiu no país com a vitória do peronista Carlos Menem, em 1989.

O sistema econômico e a crise
Para entender a crise econômica na Argentina é preciso rever o plano de governo estabelecido por Domingo Cavallo, em 1991. Ele conseguiu congelar a inflação e fortalecer a economia ao lançar mão das privatizações para financiar o crescimento econômico do país em 40% nos anos 90. Mas as crises econômicas da Ásia, em 1997, na Federação Russa, em 1998, e a desvalorização do real, em 1999, fizeram vir à tona a fragilidade do sistema econômico argentino.
A valorização do dólar e o aumento do preço dos produtos perderam concorrência no mercado internacional. Essa circunstância enfraqueceu a indústria e gerou desemprego e recessão.
Desde o ano passado, houve várias trocas de ministros, causando protestos da população para que o governo definisse uma estratégia para aumentar a oferta de empregos e retomar o crescimento. Sem ver solução, a população promoveu, de forma desordenada, algumas manifestações com saques e quebra-quebras, culminando em revolta nacional.
Em 2 de julho deste ano, o atual presidente, Eduardo Duhalde, anunciou que antecipará as eleições presidenciais, previstas inicialmente para setembro de 2003, para março, mas o presidente eleito irá ocupar o cargo a partir de 25 de maio de 2003.

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Box

Do total da população de 37,5 milhões em 2001:
Católicos 91,2%
Evangélicos 1,7%
Sem religião 2,3%
Ateísmo 0,8%
Outros 4%

Motivos de oração
1. Para que a liderança da igreja evangélica investa mais na Palavra de Deus.
2. Para que Deus dê sabedoria às autoridades governamentais para que vençam a crise econômica e social.
3. Para que os pastores tenham discernimento para lutar contra as seitas que enganam os crentes argentinos.
4. Para que a visão missionária da igreja cresça.

Contrastes

Os argentinos, em sua maioria, (95%), são de raça branca. São descendentes de italianos e espanhóis misturados com índios. Mas no interior do país há uma miscigenação latina constituída de emigrantes peruanos e bolivianos.
Sem contar o imenso contraste geográfico:
* Buenos Aires: capital mais cosmopolita de toda a América do Sul. Uma porta para a grande natureza.
* A selva das águas grandes: vegetação virgem, grandes rios caudalosos, fauna selvagem e as formosas cataratas del Iguazú.
* A Pampa, o país do gaúcho: imensas planícies de pastagens naturais e grandes extensões semeadas, salpicadas por esplêndidas e confortáveis fazendas.
* A Patagônia Atlântica: pingüins, baleias, lobos e elefantes do mar. È a Argentina deitada sobre o Atlântico e a maior concentração de fauna marinha do planeta.
* A Patagônia Andina: florestas, lagos glaciais. Dos Andes à Tierra del Fuego, uma sucessão de picos congelados, bosques de fantasia, imponentes geleiras e soberbos lagos.
* O impressionante Aconcagua: as altas montanhas e vulcões nevados das Cordilheiras dos Andes, desertos, salinas e vales.


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